1) Definições:
Pode-se dizer que vitalismo seja o estudo das manifestações do princípio vital ou da energia vital, e que princípio vital seja a propriedade que os organismos vivos têm de converter energia física e química em energia biológica.
Samuel Hahnemann no século 19 adotou a concepção ternária de Paul Joseph Barthez do século 18 em subdividir o ser humano em corpo, alma pensante e princípio vital; ou seja, por alma pode ser entendida a mente, a psique. Neste sentido, o princípio vital vem a ser a unidade essencial do ser vivo, uma espécie de ponte unificadora entre a matéria corporal e o psiquismo abstrato.
a) Matéria corporal: É o corpo, o organismo constituído das moléculas de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre, do acrônimo CHONPS, além do metaloma, este que é constituído pelos elementos traços e microtraços correspondentes ao metabolismo dos micronutrientes.
b) Alma pensante: É a mente, o psiquismo da abstração dos pensamentos racionais e dos sonhos, o aparato psíquico da manifestação do consciente e do inconsciente.
c) Princípio vital: É a unidade intermediária que permeia o corpo e a mente, a essência vital que exerce influência no metabolismo orgânico e na expressão das funções psíquicas conscientes e inconscientes.
2) Princípios da Natureza:
São descritos alguns princípios de física, química e biologia…
a) 1ª lei de Newton no século 17: Princípio do equilíbrio (estático ou cinético) que é um princípio de inação, quer dizer, da ausência de ação (lei da inércia).
b) 2ª lei de Newton no século 17: Princípio dinâmico, é um princípio de ação ou de ações (força é o princípio dinâmico, mas o dinamismo em si é o trabalho).
c) 3ª lei de Newton no século 17: Princípio do equilíbrio dinâmico, é um princípio de ações e reações.
d) Relatividade de Einstein no século 20: Princípio da equivalência, ou seja, massa e energia são equivalentes.
e) Homeopatia de Hahnemann nos séculos 18 e 19: Princípio vital e energia vital.
3) Energia Vital:
Na homeopatia não é preciso fazer distinção entre força vital e energia vital ou princípio vital, sendo tais diferenciações apenas uma abordagem particular deste médico homeopata…
a) Definição de energia: Atributo de efetuar trabalho, quer dizer, energia é fonte de trabalho, ou mais amplamente é a grandeza física mutuamente conversível em massa, conforme equação da relatividade de Einstein (E = Mc²). Na termodinâmica, energia pode ser conceituada como a propriedade quantitativa de calor e trabalho.
b) Definição de trabalho: Movimento ou frenamento atribuído a uma força (ou mais amplamente é o dinamismo da energia). Na termodinâmica, o conceito de trabalho é a energia mecânica em trânsito.
c) Definição de calor: É a energia térmica em trânsito.
d) Termodinâmica de Sadi Carnot no século 19 (a partir de James Watt, dentre outros, no século 18 e complementado por James Prescott Joule, Lord Kelvin e Rudolf Clausius, dentre outros, ainda no mesmo século 19): É o estudo teórico e aplicado das transformações de energia entre calor e trabalho.
e) Definição de energia vital: É a grandeza física mutuamente conversível em biomassa.
4) Evolução do vitalismo:
a) Antiguidade clássica: Surgimento da ideia do princípio vital na Grécia.
b) Século 16: Paracelso propõe o princípio vital na explicação da vida.
c) Século 19: Samuel Hahnemann descreve os fundamentos da homeopatia pelo princípio vital em sua obra prima, Organon, de 1810.
d) Século 20: Surge a teoria quântica (Max Planck demonstra que a energia eletromagnética tem natureza quântica, Werner Heisenberg sugere a interação da energia com a consciência humana e Niels Bohr estabelece o princípio da complementaridade entre os comportamentos ondulatório e corpuscular).
5) Homeopatia:
Especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) do Brasil na Resolução 1.000 (em 4 de junho de 1980)…
O mecanismo de ação da homeopatia pode ser explicado de diversos modos, inclusive pela mecânica quântica: Neste caso, ocorre o entrelaçamento entre o soluto e o solvente na solução medicamentosa. Após entrelaçados, o soluto e o solvente formam um único sistema com propriedades curativas que são administradas ao organismo a ser tratado.
Sejam os seguintes parágrafos do livro Organon de Samuel Hahnemann publicado pela primeira vez em 1810:
§ 9: “No estado de saúde do indivíduo reina, de modo absoluto, a força vital imaterial (autocrática) que anima o corpo material (organismo) de modo dinâmico, mantendo todas as suas partes em processo vital admiravelmente harmônico em suas sensações e funções, de maneira que nosso espírito racional que nele habita, possa servir-se livremente desse instrumento vivo e sadio para o mais elevado objetivo de nossa existência.”
§ 10: “… Somente o ser imaterial (princípio vital) que anima o organismo no estado saudável ou doente lhe confere toda a sensação e estimula suas funções vitais.”
§ 11: “O que é influência dinâmica, força dinâmica? Percebemos que a nossa Terra, por uma força secreta e invisível faz girar sua Lua em 28 dias e algumas horas e como, por sua vez a Lua, alternadamente, em horas fixas faz subir nossos mares do norte nas marés cheias e durante as mesmas horas novamente faz descer nas marés baixas (sem contar algumas diferenças por ocasião da Lua cheia e da lua nova)… … assemelhando-se à força de um imã quando atrai poderosamente um pedaço de ferro ou aço que esteja próximo.”
§ 16: “… os medicamentos podem restabelecer a saúde e a harmonia vital e, de fato, as restabelecem, somente através do efeito dinâmico sobre o princípio vital…”
§ 26: “… Uma afecção dinâmica mais fraca é extinta de modo duradouro no organismo vivo por outra mais forte, quando esta (embora de espécie diferente) seja muito semelhante àquela em suas manifestações…”
§ 78: “As verdadeiras doenças crônicas naturais são aquelas provenientes de um miasma crônico… …pois a constituição física mais robusta, o mais regrado modo de vida e a força vital de maior energia não têm condições de superá-las.”
§ 269: “… Mas há uma lei na natureza pela qual as mudanças fisiológicas e patogenéticas ocorrem no organismo vivo, por meio de forças capazes de alterar a matéria crua dos meios medicamentosos, pela trituração ou pela sucussão, porém, com a condição de interpor um veículo não medicamentoso (indiferente) em certas proporções.”
§ 269 (nota): “… Observa-se a mesma coisa numa barra de ferro e um bastão de aço na qual não se pode ignorar um vestígio adormecido da força magnética latente… …da mesma forma, a trituração de uma droga e a sucussão de sua diluição (dinamização, potenciação) desenvolverá sua força medicamentosa latente e a manifestará cada vez mais, desmaterializando mais a própria matéria, se é que se pode falar desse modo.”